quarta-feira, 27 de junho de 2012
Waly Salomão Fala de Luiz Melodia
Por sua voz pessoal passa toda saga, o presente cotidiano do Estácio Holly Estácio, seu próprio povo. Por sua voz passa uma pantera preta prestes a saltar. Madeira de lei da mata tropical, peroba, tipo cobra coral, Luiz Carlos dos Santos Melodia não NÃO precisa ler Drummond João Cabral et caterva como um nego que leva pancada na senzala. A poesia brasileira pra jorrar de novo não segue, necessariamente, um caminho linear straight reto dando seguimento ainda na forma livresca ao seguido por Drummond João Cabral et caterva. A poesia tem um caminho enviesado, ENVIESADO, pra luzir. Um crítico musical que deseje perdurar o mito de Santa Claus papai noel idílico careta colonizador SENHOR em cima dos meninos de Mangueira, logo, pois, por isso, portanto, não pode se banhar na nova poesia nova do novo canto novo do negro Rei Negro Luiz Melodia. Questão de posse, isto é questão de posse. Alô jovens, alô alô jovens, tantos rios por cruzar e eu não consigo encontrar a estrada. Conhece a dor dum instrumental quem não alcança a poesia sem nexo do auxílio luxuoso dum pandeiro? Zé Celso me rapsodeia: Miriam Makeba como um XAMÃ percorrendo a África como um fio ligando uma aldeia a outra aldeia a outra aldeia toda a África toda como um pavio.
Pérola Negra é surto SEMINAL dum novo canto do negro mulato cafuzo brasileiro internacional jovem. Tenho o maior orgulho de ter sido o FA-TAL elemento de ligação entre o meu amigo ebâneo compositor do morro de São Carlos e a minha Rainha Sensual Mestiça do Brasil hay que saber bailar la cumbia Gal Costa que espalhou a canção crioula Pérola Negra para milhões de corações brasileiros. Luiz Melodia é o antecipador do Black Rio, do São Paulo Chic Show, do Camisa Verde Paulistano, do Ylê Ayê Yorubano, do Black Belô, da Beija-Flor de Joãozinho Trinta, da Unidos da Ilha do Governador, de Tureko, da Mona Xica da Silva, do Soul samba do samba soul do Brás do Brasil indescoberto por Cabral da Casa Grande. O morro não engana nem ao Melodia nem ao Ricardo e o esquema novo provou que o rebolado não se perdeu nem tampouco o tal gingado. O OBÁ Luiz Melodia Carlos dos Santos Melô do Quilombo de São Carlos é a voz do morro, sim senhor, do mesmo lugar em que nasceu Abelim a sapoti Angela Maria também filha de pastor tal qual nosso Melô Holly Melô que se inteira das coisas sem haver engano. Vai sambar ogan, vai sambar Nanan, vai haver festa no congado: o mico de circo vai pintar nas bocas e quando o mico de circo rodar a baiana... Bamba muleque. Bamba muleque pra animar o forró-pagode das marvilhas contemporâneas.
Waly Salomão
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Rita Lee - Novos Rumos Após Saída dos Mutantes
domingo, 10 de junho de 2012
O Pensamento de Taiguara
Taiguara foi um de nossos mais inspirados e talentosos compositores, além de ter sido um intérprete dos melhores. Sua carreira, apesar de poder ser considerada vitoriosa, por ter sido reconhecida e elogiada, além de ter alcançado sucesso popular, foi um tanto conturbada. Por ser um artista dos mais engajados politicamente na época da ditadura, foi um dos mais perseguidos pela censura, tendo mais de cem de suas músicas vetadas. O caso mais conhecido é a proibição arbitrária de seu disco Imyra, Tayra, Ipy. Esse disco é uma verdadeira obra-prima, trazendo músicas inspiradas, grandes músicos e arranjos, porém teve proibida sua comercialização dias depois de ser lançado, e até hoje, mesmo após o período de ditadura, ainda não pode ser relançado no Brasil, por problemas judiciais, já que os direitos do fonograma pertencem legalmente a uma editora japonesa, que não libera o lançamento da obra em nosso país. Nem suas herdeiras conseguiram até agora recuperar esse tesouro, numa luta judicial que se arrasta há anos. Taiguara morreu em fevereiro de 1996, aos 50 anos. Abaixo alguns exemplos de seu pensamento:
"O Tropicalismo nos iludiu. Concordei com tudo aquilo, lutei junto, apesar de ser cantor da área popular, sem condições de fazer determinadas inovações. No LP 'Viagem' cantei com o Som Imaginário. 'Geração 70' assume todos os anos 70 e suas guitarradas. Mas eu pensava que esse pessoal queria levar a tecnologia pra nossa música, trazer a contribuição de uma filosofia existencial mais libertária pra nossa música. Não integro o batalhão nacionalista: 'NOSSA MÚSICA!' Sou patriota e internacionalista. Não, a partir de determinado momento, as guitarras que Caetano tinha colocado a serviço da marcha-rancho 'Alegria,Alegria' viraram uma tentativa de rock brasileiro. Um monstro."
"Não foi a juventude que procurou a droga, foi a droga que procurou a juventude. Nós importamos essa alienação. Diziam que a droga libertava, revelava um lado novo do ser humano, mas só tenho a dizer que só existe um lado que ela revela: um lado ilusório, de mais cores e mais sons. Aguça a sensibilidade pra experiências sensoriais, e só. A droga não liberta, não faz nada por nunguém. É um mecanismo do imperialismo para calar a juventude, incentivado e financiado pelo fascismo. A droga corrompe, em promeiro lugar, os policiais. Em todos os países, há amigos do setor intelectual da droga, e são eles que tomam conta das bocas de fumo e de ácido, para que a juventude continue nessa. É a maneira de calar os melhores filhos da juventude."
"Não tenho nada contra os intelectuais. São caras sérios, respeitáveis que podem até ter um problema de classe, mas que podem ser seres mais sabedores, conscientes, afinal, não estudam a consciência? Qualquer trabalhador que carrega um saco no cais do porto pode dar um murro mais forte na minha cara do que eu na cara dele. O músculo ganha força carregando sacos. Assim o verdadeiro intelectual fortalece seu intelecto, não se torna um homem perdido. O bom intelectual que come peixe pra fortalecer o cérebro - intelectual sabe que peixe tem fosfato - se sabe que existe uma ditadura denuncia. Salve os intelectuais! Hão de, junto com o proletariado, promover a revolução brasileira!"
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