quarta-feira, 30 de junho de 2021
Arnaldo Batista Fala Sobre os Mutantes - Revista Bizz (2000)
terça-feira, 29 de junho de 2021
Rita Lee Fala Sobre Os Mutantes (Revista Bizz -2000)
segunda-feira, 28 de junho de 2021
Geraldo Azevedo Lança Bicho de Sete Cabeças - 1979
domingo, 27 de junho de 2021
A Noite em que Jimi Hendrix Ficou Imortal (JB - 1986)
sábado, 26 de junho de 2021
Novos Baianos - Show no Teatro Tereza Raquel/RJ (1977)
sexta-feira, 25 de junho de 2021
Arrigo Barnabé - Revista Veja (1980)
quinta-feira, 24 de junho de 2021
O Impasse do Novo Samba (Jornal do Disco - 1980)
quarta-feira, 23 de junho de 2021
Sá & Guarabyra - Volta a Dupla do Rock Rural (1977)
Em 1977 a dupla Sá & Guarabyra andava meio sumida de cena. Seu último disco, Cadernos de Viagem, havia sido lançado em 1974, e nesse período de três anos, sem lançar discos, e provavelmente praticamente sem se apresentar ao vivo, a dupla fazia uma espécie de reciclagem de seu trabalho artístico. Até projetos solo haviam sido levados em conta, mas na verdade, naquele período os dois já estavam concebendo aos poucos o seu disco de maior sucesso: Pirão de Peixe com Pimenta, que seria lançado ainda naquele ano. O Hit Pop, suplemento em formato jornal que acompanhava a revista Pop trazia uma matéria co a dupla, que falava de seus planos para um futuro próximo, como o lançamento de um compacto pela Som Livre, e futuramente o LP citado. Na matéria eles ainda falam da saída de Zé Rodrix do trio que formavam com o músico, e deixam claro que a saída de Rodrix não foi amigável e tranquila. As referências ao antigo parceiro não são nada amistosas, porém, quem continuou a acompanhar a carreira da dupla sabe que muitos anos depois, pouco antes da morte de Zé Rodrix, o trio foi reativado, fizeram shows pelo Brasil (eu cheguei a vê-los em minha cidade) e chegaram a gravar um CD. Nada como o tempo para apagar qualquer mágoa ou mal entendido. Segue abaixo a matéria:
Sá |
Guarabyra |
terça-feira, 22 de junho de 2021
Balanço Musical de 1977 - Soul e Disco Music Tomam Impulso (Jornal de Música)
Em sua edição nº 37, de janeiro de 1978, o Jornal de Música fazia um balanço do que foi o ano de 1977 na área musical. Várias vertentes da música foram analisadas, sendo feitas previsões para o ano de 1978, que se iniciava. Destacarei aqui a vertente do soul e da black music no plano nacional e internacional. A disco music já ganhava força, e previa-se que o ritmo iria prevalecer nos próximos anos, o que ocorreu. Em termos de Brasil, o movimento Black Rio viveu seu apogeu em 77, além do crescimento da música negra brasileira, sendo destacados nomes como Banda Black Rio, Carlos Da Fé, Cassiano (foto), Gerson King Combo, e outros nomes. A matéria é assinada por Gabriel O'Meara:
"Em matéria de soul, o ano de 1977 foi repleto e farto. Tantos foram os lançamentos que um bom soul-maníaco precisaria de uma grande conta bancária para comprar tudo, e ainda, necessitaria de um 'banco-de-memória', comparável aos dos computadores mais sofisticados para guardar os nomes de grupos novos como High Energy, The Controllers, Keele Patterson, Brick, Rose Royce, Cameo, The Originals e dezenas de outros mais que passearam pelos primeiros lugares das paradas de soul durante o mês de dezembro.
Misturados aos novatos, Earth, Wind and Fire, Barry White, Emotions, The Jacksons, Telma Houston e Memphis Horns também marcaram presença. É interessante notar que pelo menos a metade desses artistas trabalha dentro da linha discotèque, às vezes disfarçadamente (vide Jacksons e Rose Royce) ou assumindo completamente o gênero. As revelações do ano também se dividiram entre as duas categorias. Do lado do soul puro, Commodores, EWEF, Tower of Power, Natalie Cole, Emotions, Average White Band, Candi Staton, Al Green e War, saíram ótimos LPs, todos editados no Brasil. Falando do EWEF, que lançou um excelente álbum duplo ao vivo, o Gratitude, o grupo acaba de lançar um tremendo disco nos Estados Unidos com um pout-pourri de duas músicas de Milton Nascimento, resultado da visita do guitarrista Johnny Grahan ao Brasil há seis meses atrás. Eumir Deodato também está presente nesse novo disco.
Al Green |
No terreno da discotèque, o melhor lançamento foi da Top-Tape - 'The Originals', um conjunto norte-americano de estúdio. Completamente desconhecido na 'terrinha', esse grupo gravou verdadeiras joias-discos. Os outros artistas do gênero que merecem atenção são G.C. Cameron, T. Connection, Trammps (é claro), Johnny Taylor, Harold Melvin e Boz Scaggs. Depois dos Originals. Seus discos preferidos foram lançados pelo Trammps e pelo T. Connection.
No Brasil as coisas iam bem no começo do ano, mas pelo fim de 77 parece que houve uma desaceleração do embalo. Em janeiro, Cassiano lançou o LP 'Cuban Soul' que, na minha opinião, é longe o melhor soul já feito no Brasil. Teve também o lançamento quase simultâneo de Gerson King Combo e o último álbum de Tim Maia pela Philips. Gerson é aquilo mesmo, quase uma paródia do que ele próprio diz ser - O Rei dos Blacks! Houve também lançamentos 'soulizados' da WEA (eu acho que o deslumbramento de André Midani com um possível mercado black se estabilizou pois Dom Charles, que seria o maestro soul residente e o Dom Filó, da Equipe Soul Gran Prix são, no mais, acionistas da casa).
A Banda Black Rio lançou seu 'Brasoul' e, apesar de não obter muito sucesso dentro do chamado Black Rio (que prefere James Brown) provou ser a mistura perfeita de raízes brasileiras e soul. Viva eles! O Luís Carlos Dafé fez um trabalho paralelo ao da Banda Black Rio, tanto que a usou na gravadora do seu LP. Outro dia mesmo ouvi um disc-jockey da Rádio Globo falar que 'Cassiano morreu e Dafé assumiu'. Não é bem assim. Cassiano não faz shows e devido a seu estranho comportamento esquizofrênico, pouco se vê de meu camarada Dom Cassio. Por sua vez, Dafé se apresenta ao vivo com frequência e cuida de sua carreira, emplacando várias músicas nas paradas no decorrer do ano. Dafé é mais calcado em suas raízes do que Cassiano, mas é notável a influência da voz desse último em sua voz. Outros dizem que a semelhança é com Fagner (prestem atenção em 'Era Lindo').
Tim Maia gravou outro disco, só que dessa vez na Som Livre, bem superior ao lançado no começo do ano pela Phonogram. Como diz o meu amigo Nelson Motta, 'precisamos urgentemente tomar consciência de que estamos diante de um dos maiores cantores de nossa música'. Right On! Ainda precisamos de tempo para ver no que dá o último passo do disco da Phonogram, a recentíssima Lady Zu. A CBS também cuidou de aprontar artistas soul, como Robson Jorge, que lançou um bom álbum que só foi prejudicado pela linearidade de arranjos.
Tony Bizarro também foi prejudicado em seu disco pela falta de imaginação, salvo a linda faixa 'Nesse Inverno'. Tony faz o gênero Tim Maia, sendo semelhante ao veterano tanto artística como fisicamente. Cláudia Telles também sapecou seu 'soul-pop' pela CBS, emplacando 'Preciso Te Esquecer' em primeiro lugar. O Mita gravou um bom disco, perdido no grande abismo da má divulgação da Continental (sorry, Coutinho).
É isso aí. Se faltou coisa tentarei me lembrar. Até o fim de 78, que deve ser um tremendo 'soul year' para todos nós."
segunda-feira, 21 de junho de 2021
John Lee Hooker - Um Bluesman de Muita Sorte (O Globo -1991)
John Lee Hooker foi um grande bluesman, e reverenciado por vários nomes de peso do rock e do blues. Essa admiração ficou registrada em um álbum que o mestre lançou em 1991, chamado Mr. Lucky, em que um time estelar de convidados de peso fazem significativas participações. A coluna Rio Fanzine de O Globo em sua edição de 10/11/91 traz uma matéria assinada por Carlos Albuquerque sobre o lançamento:
"Sujeito de sorte, o John Lee Hooker. Poderia estar numa casa de repouso, em um asilo de luxo ou mesmo encostado numa cama por causa de uma enfermidade qualquer, cantando o blues para enfermeiras e médicos. Vários artistas do gênero acabaram nestas situações: alguns em outras ainda piores. Mas não ele. É que, além de talento, Hooker tem bons amigos. E tem sorte. Quem duvidar disso que ouça seu novo trabalho, com participações especiais de Albert Collins, Robert Cray, Ry Cooder, Van Morrison, Keith Richards, Carlos Santana e Johnny Winter, entre outros. O nome do disco, claro, não poderia ser outro: 'Mr. Luchy'.
Lançado recentemente no exterior pela Silvertone e breve no Brasil via EMI-Odeon, 'Mr. Lucky' é um digno sucessor de 'The Healer', disco que deu a Hooker um Grammy e que contava também com um time de craques: Bonnie Raitt, George Thorogood, Los Lobos e o 'repetente' Carlos Santana. Empurrado por essa turma - todos fãs de caderninho do seu trabalho -, Hooker mostrou o quanto é jovem aos 73 anos e rejuvenesceu o para lá de ancestral som do Delta Mississipi.
E o que era intenção em 'The Healer' - analisar as várias possibilidades do blues, e seus desdobramentos -, é fato em 'Mr. Lucky'. Sem histerias, sem muito alarde. John Lee Hooker faz quase brincando o que meio mundo tenta fazer sofrendo: mostrar que o blues é o fio condutor de várias correntes musicais e que pode, ainda hoje, soar moderno e atual. Chocante isso, mas apenas para quem acha que blues é 'sempre a mesma coisa'.
'I Want To Hug', que abre os trabalhos, simboliza bem isso, colocando a voz gutural de Hooker à frente de um furioso boogie-woogie, cortesia do piano do convidado Johnnie Johnson. 'Mr. Lucky', faixa-título, pula etapas e traz ao disco o som sofisticado e elegante de Robert Cray e toda sua banda, num discurso rhythm and blues de dar gosto. No final, o agradecimento do mestre: 'Thank you, Robert'.
Produzido por Roy Rogers (que esteve tocando no Brasil recentemente) e dedicado à memória de Stevie Ray Vaughan, 'Mr. Lucky' tem a felicidade de extrair o melhor de cada convidado, sem nunca comprometer o conjunto. Para quem andava com saudades dele, o albino Johnyy Winter reaparece solando furiosamente em 'Susie'. Albert Collins é outro que aparece no disco em plena forma, nervosíssimo com sua Fender Telecaster no blues 'Backstabbers'. Carlos Santana e banda surgem em 'Stripped Me Naked' e dão toques latinos e jazzísticos ao disco, repetindo a performance do disco anterior, no qual interpretavam a faixa-título.
Ry Cooder, o herói da trilha sonora de 'Paris Texas', traz de presente para Hooker não apenas sua magistral guitarra mas também seu inseparável trio vocal (Willie Greene, Bobby King e Terry Evans), o que faz de 'This Is Rip' uma evocativa viagem às esquinas de Nova Orleans. Com John Hammond (outro que tocou este ano no Brasil), Hooker faz um duelo assombroso em 'Highway 13'; algo quase tão sombrio quanto o de um outro embate, com o voodoo-man Keith Richards e o superbaixista Larry Taylor, na faixa 'Crawlin'Kingsnake'.
E há por fim o solene encontro de Hooker com o supremo Van Morrison, 'I Cover The Waterfront' é uma dessas obras-primas que só uma conjunção especial dos astros pode tornar possível. A Caledônia unindo-se ao Mississipi, a Irlanda passeando pelo sul dos Estados Unidos, numa canção celestial, um diálogo de vozes sublime, valorizado pelo órgão de ninguém menos do que Booker T. Jones. Seis minutos e trinta e oito segundos de pura emoção. 'Mr. Lucky' é assim: um por todos e todos por john Lee Hooker. Que Sortudo!"
sexta-feira, 18 de junho de 2021
Os Dez Anos da Morte de Peter Tosh (1997)
O dia 11 de setembro é marcado por fatos negativos. O mais lembrado é o ataque terrorista das Torres Gêmeas nos Estados Unidos em 2001. Também houve o golpe de estado que atingiu a democracia chilena em 73, culminando com a morte do presidente Salvador Allende, e o que muita gente não sabe, é que foi num 11 de setembro de 1987 que aconteceu outra tragédia, o assassinato de Peter Tosh, um dos nomes mais representativos do reggae. Para quebrar um pouco a negatividade da data, é bom lembrar que foi num 11 de setembro de 1962 que os Beatles entraram pela primeira vez em um estúdio como contratados de uma gravadora, iniciando uma história de sucesso. Mas voltando a Peter Tosh, pode-se dizer que ele é uma espécie de vice-rei do reggae, já que a figura, a liderança e a importância de Bob Marley na difusão do reggae são incontestáveis. Em setembro de 1997 o fanzine Dread Times, especializado em reggae, lembrou da data, e publicou uma matéria sobre Tosh, assinada por Mauro França, e adaptada do livro Catch a Fire - The Life of Bob Marley, de Timothy White:
"Há exatos dez anos o reggae perdia uma de suas maiores expressões. Na noite de 11 de setembro de 1987, Peter Tosh foi brutalmente assassinado na sua própria casa em Kingston. Por isso abrimos esta edição com um relato sobre os acontecimentos desta fatídica data, uma história pouco conhecida dos regueiros brasileiros.
Depois de um longo período de estagnação criativa e disputas judiciais, Peter Tosh tentava em meados de 1987 retomar o pique da sua carreira. Em julho ele lançou o álbum No Nuclear War, depois de um hiato de quatro anos desde Mamma Africa, e planejava fazer uma turnê para promovê-lo. O objetivo também era melhorar sua situação financeira, que era precária, em boa parte devido aos custos dos vários processos em que havia se metido. As negociações com a gravadora visando obter um adiantamento para o projeto fracassaram, e Peter e seu empresário decidiram levantar alguns empréstimos. Quando pegou o avião de volta para a Jamaica, com a esposa Marlene Brown, no dia 06 de setembro, Peter dizia aos amigos mais próximos que a principal razão para a turnê era que ele estava quebrado.
Ele também estava isolado. Seu último show na Jamaica havia sido em 83, suas músicas raramente tocavam nas rádios e os amigos músicos mantinham uma certa distância. Muitos não gostavam de sua mulher, que não gozava de uma boa reputação. Peter havia cortado relações até com Bunny Wailer, a quem acusou de depreciar os valores morais do reggae com suas músicas para dancehall. E denunciava todos os deejays, novos e veteranos, chamando-os de corvos. No último ano, ele ainda perdera uma longa batalha pela posse do mais jovem dos seus oito filhos com várias mulheres e ainda teve sua casa incendiada.
Aquilo pareceu levar os pistoleiros à loucura e eles começaram a atirar em uníssono enquanto iam saindo, oito ou nove tiros cruzando a sala. Uma bala atingiu o fêmur de Michael Robinson, fazendo-o cair debaixo de uma mesa. Houve uma pausa e então o tiroteio recomeçou. Doc Brown recebeu uma bala na cabeça, morrendo instantaneamente. Free-I recebeu dois tiros atrás de sua orelha. Outro tiro foi dirigido a Michael, atravessando seu chapéu e atingindo sua testa; ele estava caído pensando quanto tempo um homem leva para morrer quando sentiu outra bala penetrando nas costas. Houve uma última rajada do caótico tiroteio, seis ou sete balas cruzando todas as direções. Santa Davis recuou quando uma bala atingiu seu ombro. Joy tremeu quando uma outra furou sua perna direita. Então veio um silêncio terrível, só quebrado pelo pelo barulho de pés se afastando, o abafado ruído de um motor e de pneus cantando. Quando tudo voltou ao silêncio, dentro e fora da casa, Marlene saiu à rua com dificuldade, gritando por socorro. Alguns vizinhos, alertados pelo tiroteio, estavam aturdidos e mudos. Ninguém se moveu em direção à casa até que um procurador que morava no lado oposto tomou a iniciativa e rapidamente atravessou a rua. Ele subiu as escadas correndo e parou no topo atingido pela visão da carnificina, o cheiro de pólvora confundindo seus sentidos. Voltando apressadamente, o advogado gritou para Marlene que ia buscar o carro para levar os feridos para o hospital. Joy e Marlene entraram e voltaram com Peter, semi-consciente. Free-I também foi amparado e Michael Robinson e Santa Davis cambalearam até o carro.
No hospital foi possível fazer um balanço do massacre. Marlene Brown e Joy Dixon foram medicadas e liberadas. Santa Davis deu entrada com seu ferimento no ombro mas estava bem. O estado de Michael Robinson era estável, mesmo com seus três ferimentos. Free-I estava em coma e os médicos consideraram seu estado frágil para uma cirurgia para retirada das balas do seu crânio. Três dias depois ele acabou falecendo. Peter foi oficialmente declarado morto naquela mesma noite.
Nos dias seguintes ao massacre seguiu-se uma disputa entre Marlene Brown e Alvera Coke, a mãe que Peter não via há mais de vinte anos, pelo direito de enterrar o corpo. A briga só foi resolvida com a intervenção do escritório do primeiro-ministro, que garantiu à Sra. Coke a guarda do corpo do filho. O funeral de Peter Tosh começou no dia 25 de setembro, no Estádio Nacional de Kingston, com a presença de mais de doze mil pessoas na fila de despedida. No dia seguinte aconteceu uma cerimônia com a presença de milhares de pessoas, parentes e o público em geral, presidida por um reverendo da Igreja Etíope Ortodoxa de Jamaica. Horace McIntosh, o filho mais velho de Peter, então com vinte anos, fez uma leitura e seu irmão Andrew, de dezenove anos, cantou algumas músicas do pai. O caixão foi conduzido até o o carro funerário por três filhos de Tosh, Horace, Andrew e Steve e pelos músicos Sly Dunbar, Robbie Lyn e Carlton Smith. Depois viajou para Belmont, no estado de Westmoreland, onde repousa num túmulo de frente para o mar do Caribe.
sexta-feira, 11 de junho de 2021
Secos & Molhados - Revista Bizz (1993)
O fenômeno Secos & Molhados nunca foi esquecido. Volta e meia o grupo é lembrado, não só em matérias de jornais e revistas como em livros, que até hoje são publicados, e tentam explicar o que eles significaram não só em termos musicais, como em análises sobre o fenômeno de massas que o grupo significou. Muito se fala ainda sobre a possível cópia de seu visual de rostos pintados, por parte da banda Kiss, levantando diversas teorias, embora nada tenha sido comprovado. Enfim, os Secos & Molhados sempre será referência musical dos anos 70 no Brasil, embora só tenha lançado dois discos em sua curta, mas altamente significativa carreira. Em 1993, vinte anos após o seu surgimento, a revista Bizz, em sua edição nº 94 trazia uma análise sobre os S&M, em matéria assinada por Rogério de Campos:
"Era 73 e a imprensa anunciava: o rei foi deposto. Roberto Carlos tinha sido superado em vendas pelos Secos & Molhados.
Bastava ligar o rádio para confirmar. O público, principalmente as crianças, adorou aqueles esquisitões vestidos de vespas marcianas rebolando feito uns alucinados e cantando músicas estranhas a respeito de sacis e fadas.
A febre Secos & Molhados durou pouco mais de um ano. Durante esse período eles lançaram seu primeiro disco, causaram escândalo, lotaram todos os lugares onde tocaram, gravaram o segundo álbum e acabaram com o grupo.
Foi a trajetória mais surpreendente da história do rock no Brasil. RPM perde de longe.
A banda surgiu do nada, lançou seu disco com uma tiragem inicial de mil e quinhentas cópias e depois de seis meses chegaram à marca das quinhentas mil. Falava-se até em venda de oitocentos mil discos. Segundo a gravadora Continental, quando o segundo disco foi lançado, trezentas mil cópias foram vendidas antecipadamente. A banda era responsável por 90% das vendas da Continental, que colocou 21 das 24 prensas de sua fábrica trabalhando exclusivamente para eles.
E a banda sonhava com o sucesso internacional. 'Eu visualizei que eles poderiam ser tão famosos, ou mais, do que os Beatles', viajava o empresário da banda Moracy do Val na revista Veja. Pelas suas contas, os Secos & Molhados seriam 'um dos dez grupos de música pop mais importantes do mundo em 74'.
O líder da banda, João Ricardo, tinha sua teoria: 'Houve um grande estouro nos EUA, com Elvis Presley. Depois, outro na Europa, com os Beatles. O próximo teria que vir daqui, porque lá fora ninguém tem mais nada a dar'. Ainda que uma legião de imitadores tenha aparecido na sequência, a banda tinha pouca ligação com o que se fazia no Brasil na época.