O maestro e arranjador Rogério Duprat (1932-2006) é o grande responsável por uma boa parte do que o Tropicalismo representou em termos de revolução e evolução para o panorama da música brasileira. Sem seus arranjos o movimento talvez até tivesse a projeção que teve, porém com certeza seria bem menos impactante. Músico de formação erudita, porém com olhos e ouvidos abertos para todas as tendências, Duprat foi o homem certo na hora e lugar certos, quando se juntou ao grupo tropicalista para vestir com seus arranjos as ideias musicais e estéticas de Caetano, Gil, Mutantes e Tom Zé. Abaixo, trechos de uma matéria com o maestro, escrita por José Márcio Penido e publicada em 1975 no Jornal de Música, que vinha encartado na revista Rock, A História e a Glória:
"Rogério Antônio Silvestre e Silva Duprat, carioca de berço e paulista em tudo mais, ficou famoso como o maestro do tropicalismo. Ele entendia a letra, a música, a postura, a proposta e o guarda-roupa de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes. E orquestrava tudo isso.
Orquestrar é uma palavra que lembra violinos e casacas. Mas na capa do disco Tropicália, lançado em 1968, o maestro aparecia segurando um penico com a dignidade de uma chávena.
Sete anos depois, na soturna primavera paulista de 1975, o maestro Rogério Duprat fornece, a quem deseja encontrá-lo, o endereço e o telefone do Estúdio Vice-Versa, no bairro de Pinheiros. Lá ele fica dia e noite, gravando, gravando. Gravando o que? Jingles diversos. Compre isso, tenha aquilo, seja outro. Seus cargos: coordenador musical geral e diretor de estúdio. 'Isso dá feijão', ele resume, com um sorriso. Quem, como ele, aprecia humor negro, entende o resumo e o sorriso.
Dia e noite às voltas com uma tecnologia caríssima, Duprat sabe quanto é difícil ser músico hoje. Entende o drama dos grupos de rock. Mas anuncia, olhinhos brilhando, um trabalho que vem aí: um disco do Terço com a Orquestra Sinfônica de São Paulo, não sei se a Estadual ou a Municipal. O que, aliás, pensando bem, não faz muita diferença.
Pergunto às sensibilíssimas antenas de Rogério Duprat se elas estão detectando algum sinal de movimento musical. 'Estou ansiando por isso há cinco anos e o que vejo é uma coisa amorfa, tímida, imprecisa'. O maestro parece de acordo com o consenso geral pelo menos num ítem: está tudo em compasso de espera Alguma coisa tem que explodir. Como e quando isso não se sabe. Ele aguarda o momento com fé,. 'Eu queria que fosse uma retomada do jovem como elemento atuante na sociedade. Houve tentativas de ridicularizar a atuação dos jovens da década passada. 'Os tolos anos 60', dizem alguns detratores. Mas isso é uma investida furada e frustrada. Eu gostaria que essa moçada nova que vem aí, agora,, dissesse o que a outra geração representou para eles. E assumisse o lugar da rapaziada que foi podada'."
many thanks
ResponderExcluirmany thanks
ResponderExcluirO Clube da Esquina nunca foi tido como movimento mesmo,a matéria deixa bem claro isso, no início do último parágrafo.
ResponderExcluir